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sábado, 21 de julho de 2012

MULHERES NEGRAS: É PRECISO DEMOCRATIZAR A UNIVERSIDADE


Relatório da OIT aponta que uma em cada quatro jovens negras do país não estuda ou trabalha
Uma das mais conhecidas músicas da banda de rock brasileira Dead Fish – na estrada há mais de 20 anos – chama-se “Mulheres Negras”. Na letra da canção, diz-se que aqueles que precisam lutar ou resistir a qualquer coisa deveriam se inspirar nelas. De fato, a realidade mostra que ser mulher e ser negra no Brasil não é nada fácil. O relatório “Perfil do Trabalho Decente no Brasil: um olhar sobre as Unidades da Federação”, divulgado no último dia 19 de julho pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), trouxe à tona dados alarmantes sobre a discriminação contra a mulher negra e sobre o acesso à educação superior e ao mundo do trabalho.

De acordo com a pesquisa, uma em cada quatro jovens com essas características (com idades entre 15 e 24 anos) não estuda ou não trabalha. Outro dado da pesquisa indica que a taxa de mulheres negras que não trabalham ou não estudam é superior às das mulheres jovens em geral (23,1%), dos homens jovens (13,9%) e dos homens negros(18,8%).


“A constituição do nosso desenvolvimento se estruturou em cima do racismo, afastando a população negra do acesso da educação tradicional. Vemos a população negra como principal foco de desigualdade. Agravando essa situação, no caso das mulheres negras, trata-se de um processo de acumulo de exclusão, no qual elas sofrem preconceito racial somado à discriminação de gênero”, explicou o diretor de combate ao racismo da UNE, Cristian Ribas.

Cotas raciais e sociais para democratizar a universidade

Para a diretora de mulheres da UNE Liliane Oliveira, as ações afirmativas são fundamentais para transformar a realidade da jovem negra no Brasil: “Observamos que as mulheres em sua maioria têm trabalhos precarizados e a universidade garante mobilidade social”, disse.

Inserida no debate da democratização da universidade, a UNE encabeça a luta pela aprovação doProjeto de Lei da Câmara (PLC) 180/2008, que prevê 50% das vagas em universidades federais para alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas. Além disso, garante as cotas raciais de forma justa e inclusiva, de acordo com a população de cada região.

“As cotas entram como uma política estratégica contra o racismo, uma luta por valores e direitos para os negros”, explicou Cristian. A previsão é que a lei seja votada em agosto. Enquanto isso, o movimento estudantil e o movimento negro estão articulando uma grande mobilização para pressionar o congresso.

Garantindo a assistência estudantil às mulheres

No debate sobre as mulheres na universidade, uma das principais bandeiras de luta da UNE é a criação de políticas de assistência estudantil para diminuir a evasão dos cursos. Uma delas é a criação de creches universitárias

Uma das principais causas do afastamento das mulheres de seus estudos é justamente a maternidade: “O afastamento das jovens da escola e do mercado de trabalho, em um percentual bastante superior ao dos homens, é fortemente condicionado pela magnitude da dedicação delas aos afazeres domésticos e às responsabilidades relacionadas à maternidade, sobretudo quando a gestação ocorre durante a adolescência”, diz o relatório da OIT.

“A universidade não dá nenhum tipo de estrutura para que as meninas se mantenham na universidade. Mães residentes de moradias estudantis, por exemplo, são colocadas para fora quando engravidam. A proporção entre mulheres que entram na universidade e aquelas que finalizam o curso é enorme”, reforça a diretora de mulheres da UNE.

Artênius Daniel e Camila Hungria - UNE

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