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CUCA DA UNE |
O que é o Plano Nacional de Cultura e Educação?
Como o próprio documento que iremos apresentar durante o seminário
afirma: “Um plano de Cultura e Educação para a prática da extensão é um
desafio e, acreditamos, um caminho para a função da universidade
preparada o século 21, colocada de forma crítica e criativa para a
emancipação social.” As formas tradicionais de ensino estão defasadas e
não têm acompanhado novos elementos que atuam também na formação
educacional, cognitiva e cultural, sobretudo na juventude.
De que formas esse plano pode se reverter como um projeto de Extensão para as Universidades?
“Os Centros Universitários de Cultura e Arte da UNE têm vocação, na
transversalidade entre cultura e educação, para serem pensados
privilegiadamente como projetos de extensão universitária. Isso nos
garantirá maior organicidade dentro da universidade a partir de uma
prática reflexiva elaborada no tripé ensino-pesquisa-extensão sobre
nosso pensar/fazer cultural.” (minuta do Plano de cultura e educação)
Propomos sair da estrutura de herméticos laboratórios para sê-los
colocados em constante experimentação junto a sociedade e ao ambiente
universitário. A cultura e a educação são o caminho, e a prática da
extensão é o caminhar. Além de instrumentalizadora deste processo
dialético de teoria e prática, a extensão é um trabalho interdisciplinar
o que favorece a visão integrada do social.
Qual a importância de unir cultura e educação?
“A primeira delas é a busca da complementariedade entre estas duas
dimensões, pois cremos que a cultura torna-se limitada quando não
encontra na educação seu espaço como prática reflexiva, ao mesmo tempo
que a educação permanece incompleta quando não busca na cultura o
elemento dinamizador do capital social e simbólico produzido em
sociedade.”
Na formação do Estado brasileiro a cultura e a educação se
desmembraram em dois ministérios distintos durante o ano de 1985. A
partir daí essas duas instituições pouco dialogaram. A universidade tem
sentido os revezes dessa compreensão, mas somente de forma ainda tímida
tem buscado integrar estas dimensões do saber.
Quais são os principais destaques da programação do seminário?
Pensamos em traduzir nossas inquietações a respeito da
complementaridade entre cultura e educação na própria metodologia do
seminário. Então, propomos intercalar as falas dos convidados
“provocadores” com as falas da plateia para instigar os pensamentos de
todos. No intervalo entre os blocos de entrevista, o projeto musical
Poesia Ritmada do Mc Marcelo Durango Kid estará pronto para soltar sua
voz propondo uma “batalha de temas” indicados pelos próprios
participantes, na base do improviso, sem perder a qualidade jamais.
Qual o papel do CUCA como articulador cultural entre os estudantes?
O CUCA é formado basicamente por estudantes e agentes culturais
diversos, que se organizam por meio de redes colaborativas e em diálogo
com outras redes. Faço analogia a uma “Meta Rede”, todas entrelaçadas e
trocando experiências, pautas e ações entre sí, e o que as unifica é que
todas enxergam a centralidade da cultura como bem comum.
São conhecidas as experiência do CUCA que atuam ao mesmo tempo no
audiovisual como ferramenta para o registro e circulação de intervenções
culturais (artes visuais, teatro de rua, passeatas e atos) em espaços
públicos.Este Seminário do CUCA vai acontecer paralelamente ao Encontro
Nacional dos Estudantes de Artes – ENEARTE.
Qual a relação entre os CUCAs e os CPCs da década de 1960?
É claro que a conjuntura em que se dão estas duas experiências
culturais da UNE são completamente distintas. No entanto, ao captar
essas duas ordens sociais, podemos estabelecer marcas de tradição e
ruptura com esse passado e assim conhecer mais o presente. As duas são
herdeiras da vontade de se pensar/projetar o Brasil. De toda forma, na
década de 60, o CPC é um marco em várias dimensões do ser político,
social, econômico, cultural e artístico, e sempre vamos ao passado fazer
novas perguntas atuais.
A 8ª Bienal da UNE está chegando e será em Pernambuco. O que os estudantes podem esperar deste festival?
Em oito edições de Bienal há muitas histórias para se contar. Mas
diria que é o maior e mais instigante momento para conhecer o movimento
estudantil e valorizar a cultura brasileira. Nessa próxima bienal de
2013 em Pernambuco conclui-se uma lacuna de 10 anos da ultima vez que a
Bienal aconteceu lá. Fiz amizades naquela ocasião que hoje me são
imprescindíveis como o presidente da Une, Daniel Iliescu. Na época nem
universitários éramos.
A UNE acabou de realizar uma Caravana pelo Brasil. E foi a partir de
uma outra Caravana, em 2004, que os CUCAs também ganharam corpo. O CPC
também realizou uma caravana. Qual o balanço desta última viagem e qual a
importância das Caravanas na vida cultural do movimento estudantil?
A Caravana nos serviu justamente como primeira fase de leitura da universidade na realidade de hoje para se montar o Plano que iremos apresentar durante o 12º Seminário do CUCA.
Durante a Caravana UNE Volante pela reforma universitária, durante a
década de 60, esta ainda incipiente atuação extensionista foi
experimentada. Esta campanha era integrada pelos membros do Centro
Popular de Cultura CPCs, e pelos diretores da entidade estudantil UNE e
consistia em viajar pelos estados com apresentações de espetáculos e
discussão da reforma universitária. São conhecidos também os núcleos de
alfabetização popular desenvolvido pelo CPC da UNE a partir da
experiência do educador Paulo Freire junto ao Movimento de Cultura
Popular – MCP durante o governo de Miguel Arraes em Pernambuco.
Ao longo dos 11 anos dos CUCAs, que momentos e iniciativas você destacaria?
O projeto dos CUCAs já nasceu sob o signo da crítica. Em 2001,
durante a 2ª Bienal da UNE, os estudantes naquele momento propunham algo
que fosse mais sistematizado, contínuo, processual na produção cultural
da entidade. Daí surge o CUCA. Depois, com a eleição de Lula o então
ministro da cultura Gilberto Gil traz algo inovador – os Pontos de
Cultura (2003). Nós tornamos assim uma rede nacional de 10 Pontos e essa
rede só fez aumentar. Veio o Pontão de Cultura e levamos vários Pontos
para se apresentarem e conhecer os espaços da universidade conectando e
mobilizando. As caravanas da UNE (2009-2012) nos fizeram reoxigenar a
rede e torná-la ainda mais abrangente. A crítica/crise se dá na medida
em que somos instigados a pensar o Novo, mas acho que já começamos bem
ao propor o plano de Cultura e Educação.
Da Redação/UNE
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