Habilidades interpessoais como a responsabilidade, a
comunicação e a criatividade são as qualificações que o mercado de
trabalho pede atualmente. Os jovens de nossa região estão longe de
desenvolvê-las, segundo um novo estudo do Banco Interamericano de
Desenvolvimento divulgado hoje.
Com base em duas pesquisas, o estudo, que se intitula “Desconectados - Habilidades, Educação e Emprego na América Latina”,
indica uma grande defasagem entre as habilidades aprendidas na escola e
as que são requeridas pelo mercado de trabalho para jovens que terminam
a educação secundária em nossa região.
A primeira pesquisa é constituída de entrevistas com mais de 6.200
jovens entre 25 e 30 anos de idade na Argentina e Chile. Cerca de 1.200
empresas no Chile, Argentina e Brasil responderam a uma segunda pesquisa
sobre a demanda por habilidades em setores que costumam absorver
trabalhadores egressos do ensino secundário.
Estas são as primeiras pesquisas desse tipo na América Latina. Elas
medem a importância das habilidades cognitivas em relação às habilidades
socioemocionais e o peso relativo que lhes é atribuído pelas empresas
na hora de contratar jovens.
O trabalho do BID documenta um sistema educacional que melhorou em
termos de cobertura, mas não em qualidade nem em ferramentas que
estimulem os alunos a concluir seus estudos.
Revela também uma significativa redução dos salários relativos de
trabalhadores com instrução secundária, níveis de desemprego
historicamente altos, participação baixa e estagnada no mercado de
trabalho, salários praticamente sem crescimento em três décadas e
informalidade crescente. Esses indícios mostram que a situação de
trabalho dos jovens é pior na atualidade, especialmente para jovens com
nível secundário de instrução.
De acordo com as pesquisas, a maioria das empresas dá prioridade às
habilidades socioemocionais ou flexíveis relacionadas à personalidade.
Procura de competências
As empresas atribuíram, em média, 55 pontos a esse tipo de
habilidades, em comparação com 30 pontos a habilidades de conhecimento e
apenas 15 pontos àquelas que refletem conhecimento técnico das tarefas a
realizar, conhecidas como específicas
Cerca de 80% das empresas informam que as habilidades mais difíceis
de encontrar são as que se relacionam a comportamento, como empatia,
adaptabilidade, cortesia, responsabilidade e comprometimento, entre
outras.
O estudo destaca que os indivíduos mais instruídos apresentam
melhores habilidades tanto do lado cognitivo como socioemocional, com os
quais é imperativo que os jovens terminem a escola. Mais de 40% dos
adolescentes da América Latina não concluem os estudos secundários antes
dos 24 anos.
Pelo menos 30% das empresas consideram que a formação recebida na
escola secundária não é suficiente para o desempenho das tarefas
requeridas.
Segundo Marina Bassi, especialista em educação do BID e pesquisadora
do estudo, “os jovens da região que decidem procurar emprego depois de
terminar a escola secundária começam em desvantagem.. Infelizmente, a
escola não lhes dá as ferramentas que o mercado de trabalho pede e eles
enfrentam uma realidade em que não conseguem progredir”.
Recomendações
Um âmbito de intervenção mais amplo na escola que integre o
desenvolvimento de habilidades socioemocionais, reformando não só o
conteúdo curricular, mas também as práticas pedagógicas com esse
objetivo.
Mecanismos que vinculem as escolas ao meio, especialmente ao âmbito produtivo.
Sistemas de avaliação e informações aliados às habilidades que se
busca desenvolver, não só conhecimentos acadêmicos, mas também
habilidades socioemocionais relevantes para o desenvolvimento no
trabalho e na vida.
Professores bem preparados e esquemas de incentivos consistentes com os resultados exigidos pelas metas propostas.
Fonte: BID - Onda Jovem
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