Apesar do silêncio de parte da chamada “grande mídia”, fez muito barulho pelas redes, logo no início desta semana, a divulgação de pesquisa do Ibope, realizada a pedido do jornal Estado de S. Paulo revelando a opinião dos brasileiros sobre o sistema de cotas para ingresso nas universidades do país.
O resultado demonstra que quase 2 a cada 3 brasileiros, 62%, são a favor das políticas afirmativas, tanto para estudantes da rede pública, como para negros. A pesquisa joga totalmente por terra a ideia de que as cotas seriam impopulares, hipótese defendida por aqueles que se manifestam contra essas medidas.
Segundo o presidente da UNE, Daniel Iliescu, a pesquisa revela um processo inevitável de democratização da universidade brasileira: “A sociedade está amplamente a favor de políticas mais democráticas. O grande desejo pelas cotas mostra que os movimentos sociais estão certos em suas bandeiras e reivindicações e que a universidade é um ponto central para a transformação do Brasil”, afirma.
Segundo o estudo, a oposição às cotas para pobres, negros e alunos da rede pública tende a ser maior somente entre brancos, das classes de consumo A e B. A pesquisa Ibope foi feita entre os dias 17 e 21 de janeiro. Foram realizadas 2.002 entrevistas em todas as regiões do Brasil. A margem de erro máxima é de 2 pontos porcentuais.
O presidente da UNE ressalta a importância da pesquisa revelar a aprovação dos brasileiros não somente pelas cotas sociais, mas também pelas raciais: “Não há como se omitir frente à pouca diversidade da universidade brasileira, que não reflete a realidade social e racial do país. O que nós queremos é a universidade pintada de todas as cores”.
A luta pela reforma universitária, enfatizando principalmente a assistência estudantil, deverá, segundo Iliescu, ser intensificada: “Precisamos lutar pelas cotas, mas também garantir todas as condições para que os filhos dos trabalhadores cheguem à universidade e possam permanecer. É urgente a construção de novas moradias, restaurantes universitários, creches e todas outras medidas que permitam a democratização universitária não somente no ingresso, mas durante toda a vida acadêmica desses estudantes”, defende.
LEI DAS COTAS REGULAMENTADA
No último mês de outubro, o governo federal regulamentou o projeto de lei, defendido pelo movimento estudantil e aprovado pelo Congresso Nacional, que destina 50% das vagas das universidades federais para alunos da rede pública e uma parcela proporcional de vagas a negros e índios, considerando o recorte racial de cada estado.
As universidades e institutos federais terão quatro anos para implantar progressivamente o percentual de reserva de vagas estabelecido pela lei, mesmo que já estejam adotando algum tipo de sistema de cotas na seleção. Atualmente, não existe cota social em 27 das 59 universidades federais. Além disso, apenas 25 delas possuem reserva de vagas ou sistema de bonificação para estudantes negros ou indígenas.
Da Redação-UNE
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